Sabe aquela sensação de que a maternidade é a melhor coisa que acontece na vida da mulher? Aposto que cerca de 99% das mulheres podem afirmar que ao engravidar tiveram essa sensação, e pensaram que sua vida seria um mar de rosas dali para frente.
Estar grávida era como se sentir em um feliz comercial de margarina, onde tudo parece perfeito. Ninguém grita, nem se estressa, e falta pouco alguém aparecer saltitando de tanta felicidade.
Ah se a realidade fosse assim... E se viesse alguma mãe realista tentar falar sobre a realidade da maternidade, certamente a futura mãe iria torcer a cara e falar: isso é recalque (hoje em dia tudo é recalque nesse mundo), com direito a beijinho no ombro...
Mas aí aquele pequeno ser esperado com tanta ansiedade por longos 9 meses nasce, e tudo o que eu pensei foi: tem como colocar de volta?
Sim, cara mãe ou futura mãe. A maternidade é linda, emocionante, o maior dom que uma mulher poderia receber. Porém, convenhamos, às vezes tem horas que dá vontade de pegar as malas e fugir rumo às colinas mais distantes (pra não dizer o bom e velho: enche o saco).
Quando vejo alguma mulher falando que não teve nenhuma dificuldade na vida de mãe, dá vontade de perguntar: por acaso seus filhos são de cera?
E não estou falando de apenas ser submetida a meses (no meu caso anos) sem dormir direito, ou nunca mais fazer uma refeição quente e no horário que bem entender. Também tem a birra, teimosia e gritos que tiram qualquer um do sério.
Sou apaixonada pelos meus filhos, mas confesso que tem dias que eles testam minha paciência ao máximo. Admitir que tem dias que enlouqueço e me tranco no banheiro por 5 seg. para conseguir respirar, não me faz sentir "menasmain". Antes de ser mãe sou uma pessoa com desejos, vontades e expectativa.
Às vezes acerto, e às vezes erro. Nem sempre tudo sai como planejado, inclusive ter uma vida pós maternidade de contos de fadas.
Falar em voz alta que meu dia foi estressante e que eu daria tudo por cinco minutinhos de paz, não diminui o amor que sinto pelos meus filhos. Estranho seria pintar uma vida colorida que não existe. Viver proclamando uma felicidade 24h por dia que não chega nem perto da realidade.
A maternidade tem seus extremos assim como tudo na vida. Tem seus dias de alegria, felicidade e sorrisos, e também tem os dias em que tudo o que eu queria era voltar a minha antiga vida, sem me preocupar com nada além de qual o próximo seriado a assistir.
Meu estado de humor depende diretamente de como meus filhos se comportam. Sendo assim, tem dias extremamente agradáveis em que consigo sobreviver tranquilamente, e tem dias mais agitados em que chego ao limite da minha paciência e vou gritar no quintal para expulsar o sentimento de estar fazendo tudo errado.
Com dois filhos então...aí o bicho pega, literalmente. Posso dizer que de 24h, se eu consigo arranjar 10 min. para fazer uma tarefa qualquer que não envolva filhos e gritarias, isso é muito. Um verdadeiro milagre para aplaudir de pé na igreja.
Sinceramente, sinto uma inveja gospel de mães que dizem que a maternidade é só alegria e felicidade. Que não tem um único dia sequer que dá vontade de fazer as malas e pedir demissão.
Amo ser mãe, mesmo com toda gritaria, chororô e dias difíceis. Se pudesse voltar no tempo...bem, não mudaria exatamente nada. Continuaria sendo mãe.
Moral da história: filhos dão trabalho, nos deixam loucas, tem o poder de desestabilizar nossas emoções, mas são as melhores heranças que poderíamos ter.
bjos