O parto normal sempre foi minha escolha, desde a gravidez do Bryan. Eu vivia pedindo para a minha mãe recontar os 3 partos (bem sucedidos) que teve, e procurava ler sobre o assunto todos os dias. Nunca tive medo da dor. Eu sofro com cólicas terríveis desde os 17 anos, e como minha mãe sempre disse que as contrações, nada mais são do que cólicas hiper fortes, eu pensava que se fosse assim seria moleza.
Mas o primeiro filho a gente acaba se apavorando com tudo. E os pensamentos que mais passavam pela minha cabeça na última semana eram: E se eu não dilatar? e se não conseguir/saber fazer força, e o bebê ficar entalado? e se não conseguir suportar a dor? e se na hora eu desmaiar? e se...e se... O medo dominava a razão.
Fui para uma consulta em um hospital do SUS, pensando no pior. E tudo piorou quando o médico falou que eu tinha 1cm de dilatação,e que meu colo estava fechado e alto, longe de acontecer um trabalho de parto. Eu estava com 39 semanas (40 semanas pela última ultra). Falou para que eu voltasse quando estivesse em TP, e mesmo que não entrasse era para voltar na semana que vem.
A semana passou tranquilamente. Eu fazia de tudo para dilatar. No mesmo dia do terrível toque, quando cheguei em casa saiu uma gosma vermelha. Fiquei toda esperançosa, chorando e falando pro marido que era o tampão, e que naquela noite mesmo eu entraria em TP. Mas o sangue não era o famoso tampão.
Um dia antes de voltar ao hospital fui tirar as fotos do convite, para a formatura da faculdade. Andei horrores, fiquei em pé um bom tempo, me estressei, e nada do Bryan mostrar sinais de que queria conhecer o mundo fora do útero.
Na mesma manhã que fui pro hospital, comecei a sentir dores. Para o nível de dores que eu sentia por causa da minha cólica, eu estava tranquilinha e pensava que seria moleza.
O médico novamente fez o toque e disse: nada de evolução. Você continua com 1cm, colo grosso e alto. E me jogou um balde de água fria, dizendo que as contrações que eu estava sentindo não iriam dilatar em nada. Disse que o melhor a fazer seria uma cesárea. Não monitorou meu bebê, não quis induzir o parto.
Simples assim, me olhou e pediu para que eu fosse a recepção preencher os papéis da internação.
Eu e marido ficamos um bom tempo lá fora pensando. Eu sentia contrações cada vez mais doloridas, não era possível que aquilo não fosse TP. Mas resignada, com medo, pavor, e mais um monte de coisa, eu decidi preencher tudo. E fui pra faca...
Antes mesmo de engravidar da Isabela, eu já tinha todo meu plano de parto na cabeça. A princípio eu queria uma doula me acompanhando, mas fui surpreendida pela decisão do Cremerj, de que doulas não seriam permitidas para acompanhamento da gestante no hospital. Mesmo assim não desisti do meu VBAC. Leio o tempo todo relatos de parto normal após cesárea, mesmo os que não são bem sucedidos. Leio esperançosa os relatos emocionantes de quem conseguiu fazer prevalecer a sua vontade.
Confesso que tenho um medinho da tão falada ruptura uterina, mas não deixo que isso me desencoraje.O lado bom de parir pelo SUS, é que eu não tenho nenhum ginecologista cesarista, falando no meu ouvido sobre os riscos (que eu já estou ciente de todos), e nem querendo me empurrar uma segunda cesárea.
A enfermeira do postinho, onde eu tenho minhas consultas, apóia fortemente a minha decisão, e acho que este foi o primeiro passo para seguir firme na minha decisão.
Marido fica meio perdido quando falo de TP, dilatação, soro e etc. Ele brinca dizendo que na primeira dorzinha eu vou implorar pela cesárea (ha ha pra ele). Já conversei que preciso do apoio dele, afinal, o hospital onde (provavelmente) Isabela irá nascer, permite o acompanhamento do pai, e tem uma equipe preparada para o parto humanizado.
A anestesia não é feita pelo SUS, e achei até melhor assim. Antes eu achava que a anestesia era apenas uma forma de aliviar as dores da mãe, e fazer com que o processo final do expulsivo fosse menos cansativo. Mas lendo os relatos, vi que a anestesia "tira" um pouco a sensibilidade da mulher. A maioria relata que não sente quando as contrações vem, logo, precisam ser avisadas pelos seus médicos, que está na hora de fazer força. O que me desanimou mesmo, foi ouvir um relato, onde a mãe dizia que não sentiu o filho sair, apenas teve a sensação de que ele estava escorregando. Pra ser assim, seria o mesmo que ter uma cesárea. Nada contra a anestesia. Mas não sentir nada, já basta a cesárea do Bryan.
Dessa vez quero sentir tudo.
Quando comento minha decisão com as mães no dia da consulta, sou chamada de louca. Até mesmo pelas mães que tiveram PN. Na minha família todo mundo apóia minha escolha.
Só de ter direito pela escolha já me sinto bem, mais leve.
Medos? sim, ainda tenho vários, e vou comentar sobre eles em um próximo post.
O que eu quero pra mim
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Eu quero ser livre.
Eu quero não depender de outra pessoa, nem emocionalmente, nem fisicamente
e nem materialmente.
Eu quero descobrir quem eu sou, d...
Há 2 semanas