Relato de parto da Isabela - Parte I

20/01: 
20:00: Pela tarde, as contrações foram ficando cada vez mais doloridas, embora estivessem suportáveis. Já tinha tido tantos alarmes falsos, que desisti de ficar cronometrando de quanto em quanto tempo elas vinham. Peguei um livro pra ler, enquanto entrava no facebook, e minha mãe ficou impressionada com a minha calma. Ela falava que eu não podia estar em TP, porque se estivesse não iria conseguir fazer nada, e só iria conseguir me concentrar na dor...Ela estava enganada.
Estava calma e serena, quando marido apavorado falou: - Amor, preciso te levar na emergência. Não posso correr o risco de você entrar em TP em plena madrugada, comigo no trabalho. Concordei, e jamais poderia imaginar que já estava em TP ativo, e que aquele seria o grande dia que minha princesinha escolheu para vir ao mundo.
Fui me despedindo da barriga no último banho. Era surreal sentir que a chegada da minha princesa estava próxima, e que em breve eu não sentiria mais os chutinhos que me lembravam constantemente de sua presença dentro de mim.
Fomos eu, maridón, minha mãe e Bryan para a maternidade B ( já que a maternidade A não tinha plantonista nos finais de semana) e a burocracia do plano foi o primeiro empecilho. Até resolver a liberação, só fui ser atendida lá pelas 22:00. Os médicos plantonistas eram dois anjos. Dr. Bárbara e Dr. Luiz Fernando. Na hora do toque tive uma contração super forte. A médica anunciou: - Colo apagado, 3cm de dilatação e acabei de pegar uma contração aqui. Vamos internar você.
Na hora eu não sabia se sorria ou se chorava. Estava em choque por tudo estar acontecendo como o previsto. Até resolver toda papelada da internação, já eram 23:30.

23:00: E chegou a parte mais difícil: me despedir do meu filho. Tive uma crise de choro compulsiva, enquanto meu marido tentava me acalmar. O sentimento de ver meu filho ir embora era pavoroso. Parecia que eu estava abandonando meu bebezinho, e sabia que ficaria muito mal nos dias em que precisaria permanecer internada. Bryan estava jogando no celular, e eu perguntei em meio às lágrimas: - Filho,  você vai sentir saudade da mamãe. E mesmo distraído, ele me respondeu: - Saudade da mamãe. Nuss, naquele momento meu coração se estilhaçou em mil.
Fui para o meu quarto, que por ser enfermaria, já tinha uma mãe lá. Fiquei deitada curtindo as contrações (não consigo entender as mulheres que gritam em meio as dores. Eu só conseguia respirar fundo e contar mentalmente para aliviar. As contrações em si nada mais são do que cólicas bem fortes, e como eu sempre tive cólicas bem fortes, não foi nenhuma novidade pra mim) , e esperando o marido subir. Os médicos vieram conversar comigo, juntamente com o anestesista - que também se chamava Bruno - sobre a opção da epidural no final do TP. Conversa vai, conversa vem, contração vai, contração vem, a médica fez a pergunta que mexeu comigo: - Você tem certeza que quer PN? Olha, logo pela manha haverá troca de plantão, e provavelmente eu não estarei aqui para realizar o seu parto. Sem contar que seu marido não poderá ficar aqui no quarto com você.
Arregalei os "zóião": - Que? Como? Ele não pode ficar aqui? Como eu iria passar por várias horas de dores sem meu marido do lado? Este sempre foi o meu desejo, ele precisava fazer parte daquilo, e este direito me foi negado. Fiquei muito triste, mas este não foi o único motivo que me fez desistir do parto normal.

To be continued...